6 de ago. de 2014

Ciclo encerrado

Pouco mais de dois anos e eu volto por estas paragens para dar uma informação importante. Coisa que eu devia ter falado antes, mas não me ocorreu. Enfim, digo agora. Há muito deixei de escrever neste blog. Vários motivos. Os mais importantes? Eu mudei. Este espaço já não me cabe mais. Já não vivo no "melhor dos mundos" de Voltaire (sim, ainda acho "Cândido ou o otimismo" interessante, mas o tema já não é mais de central importância pra mim), minha escrita mudou, mudaram conceitos e hoje entendo o espaço virtual mais como um compartilhar desta caminhada chamada vida. Por isso iniciei "Por desertos e campinas" que julgo ser mais coerente comigo mesma. A ideia desse novo blog é registrar e compartilhar cenas da vida, pensamentos que nos atravessam seja no deserto, seja na campina, entendendo que sobre todas as coisas Deus é soberano e um justo juiz. A você, que está chegando por aqui, convido a visitar este novo espaço (link acima). Para os leitores de "O melhor dos mundos", agradeço os comentários, as visitas e desejo-lhes uma boa travessia. É isso.

5 de mar. de 2012

Reconstrução

Debulhar a alma
Extrair cada detrito da alma
Forjar na alma o desejo de contrição
E se fartar do Espírito

Decepar o pecado
Recolher o fruto do arrependimento
Tomar de volta a paz roubada
E se fartar do Espírito

Contemplar o Criador
Conhecer Seus desejos e promessas
Zelo do Espírito, propícia estação
E fecundar o Espírito

26 de fev. de 2012

Nem te conto...

Ele, já em seus 86 anos, praticamente surdo. Sua audição funcionava a 30%. Ela, bem mais nova, 68 anos, bem disposta. Gostava de jogar cartas com as amigas nas noites de terça. A velhice não a impedia de acreditar na vida, de sonhar. Pensava ainda em visitar os castelos medievais na França, mas sua condição de professora aposentada não a tinha permitido sequer ir além de Buenos Aires.

Em uma tarde fresca de sábado, sentam-se os dois na pequena varanda do apartamento. Enquanto tomava seu chá de camomila, ela o contemplava:

- Nem te conto...
- O quê?
- Não te conto. Você vai saber.
- O quê??
- O quanto te amo.
- O quê??!

Ela o toma pelos braços e o leva a sentar-se ao piano, pedindo que ele tocasse o concerto que o fez ganhar o prêmio de melhor intérprete de Mozart no conservatório. Ele, com as mãos trêmulas pela idade, percorre o piano e, apesar da ótima condição auditiva da esposa, ele a faz extasiar-se com tão belos sons.

10 de fev. de 2012

Um conto

Quatro anos se passaram. Passaram também a primavera, o verão.

Ele, imerso em seus escritos, um intelectual ocupado com coisas importantes. As palavras se tornaram cifras e as cifras, o seu tempo. Ele se dedica a elas, tem prazer nelas. Uma prazer quase que físico, libidinoso. As palavras fazem por ele o que um beijo não poderia mais fazer.

Ela, absorta em pensamentos, em fugas, alimenta-se da ilusão e, acostumada ao confinamento e à prisão sem grades, suspirando profundamente, conclui:

- Ahhhhhhhh... Sabe aquelas primeiras semanas de início de namoro com aquele romance...? Pois é... :(


Moral da história: Vinícius de Moraes que o diga!